Fibrose pulmonar pós-Covid. Devo me preocupar?

Tempo de leitura: 3 min.
Atualizado em: 14/08/2023
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A fibrose pulmonar tem como característica substituir o tecido saudável do pulmão por outro mais grosso, que dificulta a passagem do oxigênio para a corrente sanguínea. Esse problema pode trazer complicações respiratórias, reduzindo a quantidade de oxigênio no sangue, logo, é uma condição preocupante que também decorre da Covid-19.

A fibrose pulmonar é uma doença crônica em que o tecido saudável do pulmão é substituído por um tecido fibroso. Esse problema é causado por lesões que o pulmão sofre, elas cicatrizam e formam esses tecidos.

O tecido fibroso faz com que a membrana alvéolocapilar dos pulmões se torne mais espessa, o que dificulta a passagem do oxigênio para a corrente sanguínea. Assim, a capacidade respiratória da pessoa reduz.

A Covid-19, como também provoca lesões pulmonares, pode favorecer a formação da fibrose. Entenda em quais situações isso acontece.

O que é a fibrose pulmonar pós-Covid-19?

A fibrose pulmonar pós-Covid-19 ocorre quando há sequelas pulmonares tomográficas persistentes no período de acompanhamento do paciente, que pode estar relacionada com comprometimento funcional do órgão. 

A boa notícia é que a maioria dos pacientes evolui com melhora completa das lesões em até 6 meses após a doença. Alguns pacientes, no entanto, podem ficar com sequelas persistentes, mas a prevalência desse quadro ainda é desconhecida.

Quando a Covid-19 pode causar fibrose pulmonar?

Como você já deve saber, os quadros de Covid-19 apresentam características diferentes de uma pessoa para a outra. Algumas desenvolvem as formas mais leves da doença, outras apresentam complicações graves, que exigem internação hospitalar.

Sendo assim, os sintomas também variam bastante de um paciente para o outro. Alguns apresentam sintomas de um simples resfriado, outros têm complicações respiratórias severas. Por isso, não são todos os pacientes de Covid-19 que desenvolvem a fibrose pulmonar.

O risco de desenvolvimento dessa complicação está relacionado à gravidade do quadro. Quanto mais grave a doença pulmonar durante a fase aguda da Covid-19, maior a chance de o paciente evoluir com doença fibrosante, sendo ela progressiva ou não. 

Algumas dessas alterações podem ser justificadas por doença inflamatória autoimune subjacente, doença fibrosante prévia não diagnosticada, ou ainda alterações inflamatórias agudas potencialmente reversíveis, como pneumonia em organização.

Por que é tão importante o acompanhamento médico?

É indiscutível que todos os pacientes que apresentam sintomas de Covid-19 precisam ser submetidos ao teste para obter o diagnóstico da doença, já que isso permite o acompanhamento do caso, além do isolamento social para controlar a disseminação da doença.

A Covid-19 por provocar prejuízos para o organismo de um modo geral. Por isso, é muito importante monitorar os pacientes para identificar possíveis complicações, mesmo depois de passada a fase aguda da doença.

O papel do acompanhamento médico, exames de imagem e avaliação funcional (espirometria) é o de auxiliar na discriminação dos pacientes com fibrose persistente ou progressiva daqueles com resolução lenta. Assim, é possível identificar pacientes que podem se beneficiar de um cuidado e tratamento específicos. 

Nesse contexto, pode ser de grande valia o monitoramento a distância de pacientes pós-alta hospitalar que tiveram quadro respiratório grave, com avaliação de oximetria de pulso. Após a infecção, aumenta também a ocorrência de outros eventos, como trombose e infarto agudo do miocárdio, o que evidencia ainda mais o acompanhamento de perto deste grupo de pacientes.

Vale lembrar que alguns pacientes podem, ainda, desenvolver sintomas persistentes pós-Covid-19, como hiperresponsividade brônquica, com sintomas que podem confundir com fibrose, como falta de ar e tosse, mas que nada tem a ver com quadros de fibrose. Portanto, na ocorrência de sintomas respiratórios persistentes, é imprescindível a avaliação de um especialista.

Ainda não existe um tratamento que ajude a eliminar o vírus do organismo e promover a cura definitiva da Covid-19. Entretanto, é possível tratar e controlar os sintomas minimizando possíveis complicações que a doença poderia trazer.

Sendo assim, é essencial buscar suporte médico em casos de Covid-19 e seguir rigorosamente o tratamento proposto pelos especialistas. Também é essencial monitorar a saúde observando possíveis sintomas depois da fase aguda da doença, para realizar um novo tratamento caso uma sequela se manifeste.

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Dra Thais Leibel
CRM: 178857
RQE: 65.425 - Clínica médica | 73.219 - Pneumologia
Especializada em Doenças Pulmonares Obstrutivas pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

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