Qual o papel da obesidade nas doenças pulmonares?

Tempo de leitura: 4 min.
Atualizado em: 14/08/2023
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Sumário

A obesidade se caracteriza pelo excesso de gordura no organismo. Esse excesso causa uma série de prejuízos para a saúde dos pulmões, uma vez que dificulta o processo de respiração. Inclusive pode favorecer e agravar a asma.

Existe uma relação estreita entre as doenças pulmonares e a obesidade. O excesso de gordura corporal pode atrapalhar o processo de respiração e causar prejuízos para os pulmões. Há, também, uma série de consequências negativas provocadas pela respiração inadequada. Ou seja, o controle do peso corporal é muito importante para a saúde dos seus pulmões.

Mas que tipo de prejuízo a obesidade pode provocar na saúde pulmonar? Preparamos este conteúdo para explicar para você de que maneira essa doença pode afetar o pulmão. Continue lendo e veja quais problemas pulmonares e sintomas estão relacionados a ela.

Panorama da obesidade no mundo e no Brasil

Antes de falarmos sobre os impactos da obesidade na saúde pulmonar, vale conferir um panorama sobre essa doença. 

Você sabia que a obesidade é um dos mais frequentes problemas de saúde no mundo? Estima-se que cerca de 2.3 bilhões de adultos no mundo estejam acima do peso, sendo que 700 milhões são obesos, ou seja, têm um índice de massa corpórea (IMC) acima de 30. 

No Brasil, cerca de 1 em cada 5 brasileiros são obesos. A frequência do problema é similar entre homens e mulheres. Com relação às crianças, em torno de 13% delas entre 5 e 9 anos são obesas, e 7% dos adolescentes entre 12 e 17 anos estão obesos.

Como a obesidade prejudica a saúde pulmonar?

Veja quais problemas pulmonares a obesidade pode provocar ou favorecer.

Falta de ar

A obesidade afeta a mecânica respiratória de diversas formas, por isso, um dos sintomas que ela provoca é a falta de ar. O aumento do volume abdominal, por exemplo, dificulta a ação do diafragma, limitando a capacidade respiratória.

A gordura no tórax comprime o pulmão dentro da caixa torácica e dificulta sua completa expansão. Já o acúmulo de material gorduroso na região cervical faz com que mais força seja necessária para mantê-la aberta, principalmente ao dormir, quando os músculos naturalmente relaxam.

Além de tudo isso, o tecido adiposo (gordura) tem um papel importante nas atividades celulares. Ele aumenta a inflamação dos tecidos do corpo, sobretudo o pulmonar, o que pode modular e dificultar o controle de doenças como a asma.

Síndrome da Apneia e Hipopneia Obstrutiva do Sono (SAHOS) 

A SAHOS é encontrada com frequência em pessoas com obesidade, sendo causada pelo acúmulo de gordura na região cervical, assim como na língua. Esse excesso de gordura causa episódios frequentes de colapso e bloqueio da passagem do ar enquanto a pessoa dorme.

Isso acontece porque durante o sono há um relaxamento da musculatura, e essa queda da tensão e da força muscular dificulta manter as vias aéreas abertas para a passagem do ar. O resultado é um estreitamento que impede a respiração. 

Essa síndrome provoca uma série de sintomas, como:

  • cansaço diurno;
  • sonolência diurna;
  • roncos;
  • sensação de sono não reparador;
  • ansiedade;
  • arritmias cardíacas;
  • hipertensão arterial sistêmica;
  • doença coronariana (angina, infarto);
  • AVC (acidente vascular cerebral);
  • irritabilidade;
  • dificuldade de concentração e de memória.

Como o ar tem dificuldade em entrar no pulmão, quem sofre de apneia tem períodos frequentes de hipoxemia, ou seja, baixa oxigenação. Quando isso acontece de forma recorrente, pode causar outros prejuízos, como:

  • alteração na composição sanguínea (policitemia);
  • elevação do gás carbônico no organismo;
  • pressão alta na artéria pulmonar.

Síndrome da Hipoventilação da Obesidade

A Hipoventilação da Obesidade tem origem similar à síndrome da apneia do sono. Porém, nesse caso o indivíduo também apresenta hipoventilação mesmo durante o dia, enquanto acordado.

Nesta condição, ocorre o acúmulo de dióxido de carbono (CO2) no organismo. Isso acontece porque a pessoa não consegue esvaziar os pulmões por completo, devido à baixa ventilação. As complicações desse problema são similares às da apneia do sono.

Asma

Você viu que existe uma relação estreita entre a obesidade e a asma. Pessoas obesas apresentam maior frequência desse problema, mas a asma em si não é a causadora da obesidade. 

As pessoas não só têm um risco aumentado de desenvolver asma como também apresentam maior dificuldade para controlar os sintomas da doença, o que favorece o surgimento de crises (exacerbações). Com isso, elas também costumam precisar de mais medicação inalatória para controle da doença.

A relação entre a asma e a obesidade se dá em função de várias formas. Contudo, muitos estudos têm sido conduzidos para entender o mecanismo inflamatório na asma de indivíduos obesos. 

Neles, ocorre uma mudança do perfil inflamatório do eosinofílico para o neutrofílico, o que leva a necessidade de adotar abordagens diferentes para tratar esse perfil de paciente, do que os tradicionais. Outros fatores que podem ser citados são: 

  • genéticos;
  • ambientais;
  • nutricionais;
  • de microbiota;
  • estilo de vida. 

DPOC

A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) afeta o organismo da pessoa de várias maneiras, indo além dos prejuízos pulmonares. Há, por exemplo, o enfraquecimento ósseo e a perda de massa muscular, mas a obesidade ainda é muito comum nesse grupo de pacientes. 

Isso é ainda mais preocupante pois, proporcionalmente, há uma redução da massa magra. Esse fator contribui para o sedentarismo, a sensação de cansaço e de falta de ar, que limitam de forma significativa a qualidade de vida.

A inflamação proveniente da obesidade e da DPOC provavelmente tem um efeito bola de neve que ocorre em mão dupla. Um agrava o outro, fazendo com que o tratamento desse grupo seja ainda mais difícil. 

Hipertensão Pulmonar

A hipertensão pulmonar ocorre quando a pressão do sangue que passa na artéria pulmonar se eleva, causando prejuízo para o fluxo sanguíneo na região. Esse problema acontece, em parte, como um mecanismo compensatório à hipoxemia crônica (baixa concentração de oxigênio no sangue). 

O tratamento da hipertensão pulmonar, nesses casos, inclui o tratamento da hipoxemia. Quando ela é decorrente da obesidade, a terapia, então, é voltada para a perda de peso.

Geralmente, as pessoas se preocupam com obesidade por causa de problemas cardíacos, do diabetes e até mesmo em função da estética. Mas como você viu há grandes prejuízos para a saúde pulmonar, e quando ela é afetada todo organismo é prejudicado. Assim, o controle do peso corporal é indispensável para garantir uma boa respiração e a saúde orgânica de um modo geral.

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Dra Thais Leibel
CRM: 178857
RQE: 65.425 - Clínica médica | 73.219 - Pneumologia
Especializada em Doenças Pulmonares Obstrutivas pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

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